Exportações para a Argentina atingem o menor percentual da série iniciada em 1997. O que está acontecendo?

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No início deste ano, as exportações para a Argentina sofreram uma queda significativa de 28%, totalizando pouco mais de US$ 1,705 bilhão. Isso resultou em uma participação de apenas 3,4% nas exportações totais do Brasil, o menor índice desde 1997. As importações de produtos argentinos também diminuíram em cerca de 14,3%, chegando a US$ 1,519 bilhão.

Como consequência, a corrente de comércio, que é a soma das exportações e importações, teve uma redução de 22,0%, atingindo US$ 3,212 bilhões. No entanto, o Brasil ainda manteve um superávit de US$ 192 milhões nas trocas comerciais bilaterais nos dois primeiros meses do ano. Em contraste, o saldo favorável do Brasil em 2023 foi de US$ 4,715 bilhões. Esses dados foram divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Embora os dados de apenas dois meses não ofereçam uma visão completa do ano, a situação do comércio com a Argentina está sendo observada com preocupação tanto pelos técnicos do MDIC quanto pelos especialistas em comércio exterior.

A preocupação se deve ao fato de que, enquanto o Brasil registrou exportações e superávits recordes nos primeiros dois meses do ano, as vendas para a Argentina caíram significativamente, sem perspectivas imediatas de melhora.

A soja foi o principal produto a contribuir para essa contração nas exportações para a Argentina. Em 2023, houve um aumento expressivo nas exportações da oleaginosa, atingindo um crescimento de 1,02k% em relação ao ano anterior, totalizando US$ 1,85 bilhão. No entanto, no primeiro bimestre deste ano, as importações de soja brasileira pela Argentina caíram drasticamente para pouco mais de US$ 4,2 milhões, representando uma queda de 97% em relação ao mesmo período do ano anterior.

José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), expressou preocupação com os resultados do comércio bilateral, atribuindo-os à baixa demanda argentina, exacerbada pelas medidas de restrição às importações implementadas pelo governo de Javier Milei.

Tanto as exportações quanto as importações de produtos entre os dois países sofreram retração nos primeiros dois meses do ano. Dos cinco principais produtos exportados para a Argentina, três registraram quedas significativas, incluindo veículos de passageiros, partes e acessórios de veículos e produtos da indústria de transformação. Por outro lado, as exportações de minério de ferro e veículos para transporte de mercadorias aumentaram. No lado argentino, os principais produtos exportados para o Brasil foram veículos para transporte de mercadorias, trigo e centeio, veículos de passageiros, leite e creme de leite, e propano e butano liquefeito.